Entre a Rua da Saudade e o Bairro do Amor
Há muito que te não vejo. Não sei ao certo se passaram dois, três dias. Confesso que esse dado científico não me interessa. Sei apenas o que sinto. E é um mar de saudades, que alagou a rua do Bairro onde moro.
Na minha morada sento-me à janela para não te perder de vista se, por alguma razão, me vieres visitar.
Por alguma razão.
Nem tudo são rosas e no jardim da minha morada os espinhos lembram as palavras azedas e sem cor que trocámos. Não te sei dizer o quanto estou arrependida por… enfim, por te ter acusado de estares longe. E, mais do que isso, distante.
Como se a tua rua e o meu bairro fossem na ponta oposta do mundo. Nada do que digo te aproxima. Aliás, qualquer palavra minha te conduz para longe (ainda mais longe).
E há muito que tinha medo que isso acontecesse. Tinha tanto medo! Talvez por te querer tão perto, não soube cuidar de ti.
É um clássico, esta coisa de, por tanto querer alguém, a deixar desaparecer por entre os dedos, como a areia fina da praia. É um lugar comum.
Como este lugar onde te espero, onde moro, eu, e a minha saudade. Com esperança de te ver subir a rua. E poder abraçar-te muito.
Projecto Olhar a Palavra
[porque hoje estas palavras fazem sentido!]