os textos aqui apresentados são redigidos em desacordo com o Acordo Ortográfico #AO90







quinta-feira, 26 de agosto de 2010

exacto. comigo as coisas não podem ser simples.

vi uns sapatinhos de verniz fantásticos numa loja. olhei e disse: «é isto mesmo que eu quero. se houver no meu número, compro. caso contrário, nem vou procurar outros.»
entrei. pedi o 39 (yeah, big foot). era o par que estava na montra. a senhora entregou-me o sapato esquerdo.
sim, tenho karma com levar-o-último-par-da-loja. e era mesmo.
«posso experimentar o pé direito?» o pé direito (salvo seja) também estava na montra.
calcei e disse: «lamento, estes sapatos não são iguais. as tonalidades são diferentes»
«não pode ser. venha ver aqui à luz» e eu vi à luz. e a diferença confirmou-se. a empregada passou um pano «ah pode ser pó» não era pó. era um facto: os sapatos eram diferentes. ponto final.
a senhora predispôs-se de imediato a tentar encontrar outro par numa loja do grupo. óptimo.
telefonou, confirmou e disse-me: «peço só que deixe um sinal de 10 eur. assim que chegar, ligo-lhe.»
concordei. a senhora preencheu um documento que comprovava a minha «reserva», com a indicação de que poderia devolver: ou seja, se o par tivesse algum problema ou não me agradasse, os 10 eur seriam restituídos.
passados dois dias recebo a sms a dizer que o artigo tinha chegado. e lá fui eu à loja, buscar os meus sapatos mais desejados!
entrei, a senhora reconheceu-me de imediato. fui buscar os ditos à caixa. ohhh e como eles brilhavam!
experimentei, eram iguais (se bem que um era o esquerdo, o outro o direito). perfeitos. paguei e perguntei: «não levo factura?»
«não precisa. estou sem sistema. se houver alguma coisa os talões do MB servem!»
ok. e saí da loja a saltitar! ahhhh os meus sapatinhos!
entrei no carro e abro a caixa, para os olhar outra vez e... «oh não. têm um defeito»
o pé direito tinha um buraquinho pequenito. fechei a caixa. e o carro. e voltei à loja.
«afinal não fiquei muito satisfeita. o artigo tem defeito.»
«tem defeito?»
e a empregada lá mirou, e encontrou o mesmo buraquinho perfeito e irritante.
e eu perguntei: «pode devolver-me o dinheiro? eu não quero esse artigo assim.»
«ah vou ter que ligar para a minha chefe» e ligou. falou, falou, falou. e eu à espera, com dois talões de MB, que até tinham denominações de empresa diferentes.
«a minha chefe disse-me para tentar susbtituir por outro par igual»
«ok, e arranja-me? é que eu quero pretos, iguais e sem defeito»
novamente, telefonemas. havia um par. «sim, pode mandar vir»
«a senhora deixa aqui o artigo e eu faço um papel a responsabilizar-me em como deixa cá o artigo pago...»
ok. e a factura? «ah estou sem sistema»
«pois, mas eu não vou sair daqui, sem artigo, sem factura e só com dois talões do MB.»
a empregada, após hesitações, começa a passar-me uma factura manual (sim, dá trabalho, mas existe essa alternativa) e o valor que indica é o valor do artigo menos os 10 eur do sinal.
«olhe, desculpe. mas essa factura está mal. porque eu paguei XX eur e aí só está YY.»
«sim, mas os 10 eur já entraram na minha caixa há dois dias e eu tenho que fazer assim para não ter diferença»
«então e como é que eu comprovo que paguei XX? com um talão de MB e uma factura? como é que eu justifico esta despesa de 10 eur? não dá para entregar ao contabilista para despesas, pois não?»
seguiu-se mais um telefonema para a chefe.
nessa altura sugeri logo que me devolvesse o dinheiro, porque já estava cansada daquela situação.
mas compreendo, enquanto a loja oferecer alternativas para a substituição do artigo, não posso exigir o dinheiro de volta. compreendo.

a empregada é que não compreendia várias coisas, nomeadamente:
1) que nem todos os pares de sapatos são iguais;
2) que um talão de MB não serve de factura;
3) que «deixo» é diferente de «deixou».




em breve, fotografia de ladyBug com o seu sapatito de verniz. ou então não!

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